segunda-feira, 27 de julho de 2009

PARA PENSAR!!

Um dia um jornalista ao entrevistar uma Comandante de terreiro, perguntou:

Quantos filhos sua casa tem?

A senhora não lhe respondeu como ele esperava, disse que ele deveria acompanhar as atividades do terreiro na próxima semana que ele teria a resposta.

E assim foi no sábado pouco antes de se iniciarem os trabalhos lá estava ele sentado na assistência observando tudo. Viu que havia mais os menos 40 médiuns, quase todos estavam na corrente, prontos para a gira, e aproveitavam estes momentos que antecediam o inicio dos trabalhos para mostrarem uns aos outros suas roupas novas, ou pra colocar algum assunto em dia.

Mas notou também que um grupo de cinco médiuns estava em plena atividade arrumando as coisas para o inicio dos trabalhos.

O trabalho foi muito bonito e alegre, quando terminou viu que a grande maioria dos médiuns se apressa em se retirar, uns por que queriam chegar logo em casa, outros por terem algum compromisso. Notou mais uma vez que aqueles mesmos cinco médiuns que antes do inicio arrumavam as coisas, agora eram os que começavam a limpar e organizar o terreiro depois dos trabalhos.

Na segunda feira haveria um momento de estudos no terreiro e ele foi convidado, ao chegar ao local, chovia muito e viu que menos da metade da corrente se fazia presente, novamente notou que aqueles cinco estavam lá.

Na quinta-feira haveria um trabalho na linha do Oriente, e também passaria na TV um jogo da seleção, novamente bem menos da metade da corrente compareceu, mas aqueles cinco estavam entre eles.

No sábado novamente estava sentado na assistência e novamente repetiu-se o que havia acontecido na semana anterior, os cinco médiuns fazendo os últimos preparativos para o inicio dos trabalhos, e também começaram a limpeza assim que estes se encerraram, e foi no término dos trabalhos que foi chamado pela Mãe de Santo, que lhe perguntou:

Você conseguiu descobrir quantos filhos tem em nossa casa?

Contei 43 minha mãe – respondeu.

Não, filhos verdadeiros tenho cinco. São aqueles que estavam presentes em todas as atividades da casa.

E os outros?

Os outros são como se fossem “sobrinhos” de quem gosto muito e que também gostam da casa, mas só visitam a “tia” se não houver nenhum atrapalho ou programa “melhor”, e mesmo vindo muitas vezes ficam contando os minutos para acabar os trabalhos.

O rapaz muito sério perguntou:

E por que a senhora não impõe regras para mudar isto?

Meu filho a Umbanda não pode ser imposta a ninguém, tem de ser praticado com entrega, o amor à religião não pode ser uma obrigação, ele deve nascer no coração de cada um, e o mais importante a Umbanda respeita o livre-arbítrio de todos os seres…

E nós, somos “filhos” ou “sobrinhos” de Umbanda?

Somos Umbandistas em todos os momentos de nossa vida, ou somos

Umbandistas somente uma vez por semana durante os trabalhos no terreiro

terça-feira, 21 de julho de 2009

AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO VELHO

Num cantinho de um terreiro sentado num banquinho pitando o seu cachimbo, um triste Preto Velho chorava. De seus “olhos” molhados, esquisitas lagrimas desciam-lhes pelas faces e não sei porque contei-as. Foram sete. Na incontida vontade de saber, aproximei-me e o interroguei. Fala, meu Preto Velho, diz ao teu filho por que externa assim uma tão visível dor?
E ele, suavemente respondeu. Estás vendo esta multidão que entra e sai? As lágrimas contadas estão distribuídas a cada uma delas.

A primeira, eu dei à estes indiferentes que aqui vem em busca de distração, para saírem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber...
A segunda, a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos negam.
A terceira, distribui aos maus, aqueles que somente procuram as entidades de pouco esclarecimento sobre a doutrina verdadeira do Mestre Jesus, em busca de vingança, desejando sempre prejudicar o seu semelhante.
A quarta, aos frios e calculistas, que sabem que existe uma força espiritual e procuram beneficiar-se ~ela de qualquer forma e não conhecem a palavra gratidão.
A quinta, chega suave, tem o riso, o elogio da flor dos lábios mas se olharem bem o seu semblante, verão escrito: Creio na doutrina do Cristo Jesus, nos Teus Caboclos e nos Teus Zumbis, mas somente se vencerem o meu caso, ou me curarem disso ou daquilo.
A sexta, eu dei aos fúteis que vão de templo em templo, não acreditando em nada, buscando aconchegos e conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente.
A sétima, filho, notas como foi grande e como deslizou pesada? Foi a última lágrima, aquela que vive nos olhos de todos os Orixás. Fiz doação dessa aos médiuns vaidosos que só aparecem no templo em dia de festa e faltam às doutrinas. Esquecem que EXISTEM TANTOS IRMÃOS PRECISANDO DE CARIDADE, TANTAS CRIANCINHAS PRECISANDO DE AMPARO MATERIAL E ESPIRITUAL.
Assim, filho meu, foi para esses todos, que vistes cair, uma a uma...

Do livro: Umbanda de Todos Nós
W.W.da Matta e Silva (Mestre Yapacany)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

SER MÉDIUM

SER MÉDIUM

A MISSÃO DE SER MÉDIUM É ARDUA E ESPINHOSA, É DIFÍCIL, É O CAMINHO DAS TENTAÇÕES.

Para cumprir essa missão é necessário honestidade, humildade, responsabilidade, pontualidade, ser assíduo na casa de caridade que estiver vinculado. A participação do médium em uma corrente mediúnica deverá começar pela higiene física - o banho, higiene mental – preparada de bons sentimentos elevando o pensamento para um plano superior de religiosidade.

Respeitar o sigilo espiritual de atendimento ao público não apenas é dever do sacerdote da casa de caridade, mas de toda corrente mediúnica , sigilo espiritual é dever de todos.

A vida não nos pede sacrifícios, nem esforços, compete a todos os médiuns lutarem para melhorar. É comum, em todas as instituições espíritas a observação da conduta dos médiuns, os freqüentadores buscam nele um modelo de desprendimento de honestidade onde vibra a moralidade em todas as suas nuanças. Não estamos colocando o médium como um anjo, nem o qualificando de santo, o médium instruído e educado, é apenas uma pessoa que entendeu o chamado da vida para a sua própria felicidade.

Querer ser médium é desejo ardente de muitos, no entanto passar pelo caminhos que devem ser trilhados por um instrumento sensível ao bem, poucos suportam.

Há muitas flores na roseira, mas os espinhos são incontáveis.

(extraído do JORNAL POVOS DA UMBANDA, nº7, Junho de 2009)